02 outubro 2008

MONTESINHO

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-----Pois é… lá aceitei o convite do editor do blog e vou relatar o mais pormenorizadamente, como é habito cá do sitio, a epopeia com contornos de tragédia Grega, pelo menos para mim, que foi esta incursão pela região do nordeste transmontano nomeadamente Bragança e mais concretamente o Parque Natural de Montesinho, que foi onde comecei e acabei (moribundo) a grande ou não travessia do referido parque em btt.
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No sábado de manhã e com os pequenos atrasos que se verificam sempre as partidas madrugadoras 7h30m eram a hora prevista, lá seguimos viagem sem “imprevistos”.
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Transposta a serra do Marão e de mais ou menos duas horas e meia de viagem de carro chegamos a Bragança.
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A pensão já estava reservada, depois de tratadas as formalidades foi altura de retemperar forças com um pequeno-almoço e de comprar um reforço alimentar para mais tarde, que já se sabe quem vai para sítios isolados avia-se em terra, que quase levava a falência o pessoal tal a inflação que se regista para aquelas bandas.
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Com o estômago reconfortado e com um plano mais ou menos elaborado começamos então os preparativos logísticos, e partimos ainda de carro em direcção a França,



pequena localidade situada no P. N. M.
-----Como é que se levam três bikes e três ciclistas num carro comercial? Em transgressão …. Mas com cuidado para ninguém ver muito menos as autoridades, como não podia deixar de ser acabamos por nos cruzar já muito perto do sitio onde íamos deixar o carro com uma viatura das forças policias, numa altura em era suposto o terceiro elemento estar escondido na mala e não a espreitar como se nada fosse, no entanto foi só o susto apesar da muita preocupação do nosso agente numa suposta perseguição que as pacatas forças policias iriam encetar, mas foi só mais um “imprevisto” que felizmente não teve consequências.
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Bom tudo apostos para começar a andar de bike, surgiram algumas duvidas sobre qual o melhor trilho para iniciar o passeio, duvidas??? Então a tecnologia??? O GPS??? O homem do GPS descarregou tantos trilhos que o GPS estava confuso e não se conseguia orientar, ou seria o homem que não conseguia ler o GPS, o material tem sempre razão foram descarregados trilhos a mais…mas depois de perguntar aos locais qual seria o melhor trilho a seguir lá nos deram a informação e depois das fotografias da praxe, lá partimos por volta das 11h45m serra acima.
-----Já estávamos avisados pelos populares que seria sempre a subir


e o Pedro que o diga, que aprecia mais as descidas.
-----Mas era um bom trilho a paisagem era agradável e tinha vários motivos de interesse entre uma fotografia ou outra estávamos a andar a uma média inferior ao previsto dada a inclinação média ser considerável.
-----Ao fim de alguns quilómetros sempre a subir chegamos à aldeia de Montesinho.




ex-líbris do PNM altura para uma primeira paragem para repor líquidos,

a clássica Coca-Cola e reconfortar o estômago, paragem fatídica para mim, foi onde comecei a ter os primeiros sinais de que alguma coisa não estava bem no meu organismo, nada bem mesmo.
-----Depois de um breve reconhecimento pele aldeia e mais umas fotos,


fizemos umas perguntas para nos orientarmos, tendo deixado a aldeia em direcção a barragem de Montesinho por um caminho pedestre, mas ciclável, que mais uma vez e avisados pelos populares experimentamos a dureza da subida, para mim fatal mesmo.



-----Quando finalmente atingimos o cume cerca de mil e alguns metros de altitude e avistamos a barragem



foi o colapso total do meu treinado corpinho (não fosse eu estudante de medicina…, como dizia o outro) já muito habituado a dureza do btt .

A falência do meu sistema de defesas e resistência era evidente para mim, não podia continuar, de rastos fisicamente e devastado psicologicamente era o fim da travessia para mim por muito que me custasse não tinha condições para continuar, nem para sair dali por meios próprios o que lamentavelmente ia condicionar inevitavelmente o resto do passeio dos outro colegas, são os tais “imprevistos” que acontecem e desta vez aconteceu-me a mim.

-----Foi necessário o Pedro ir buscar o carro para me tirar dali, enquanto esperava ainda tive tempo de vomitar e de quase morrer de hipotermia, de salientar o auxilio de dois trakers que por ali passavam que prontamente se disponibilizaram para me prestar auxilio, aqui fica o meu agradecimento sejam eles quem forem o meu muito obrigado.
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O resistente Vitokorov apesar de entretanto ter avariado a sua bike não desistiu de dar mais umas pedaladas pelo PNM e foi até Bragança a pedalar na bike gentilmente cedida pelo Pedro, são os incontornáveis “imprevistos”.

-----Depois de ter tomado um banho reparador e de ter dormido uma soneca retemperadora lá arranjei forças para regressar a casa, na ressaca de tudo isto ainda arranjei uma infecção na perna esquerda que me pôs de molho uns dez dias, foi da maneira que arranjei tempo para escrever estas linhas.
-----Abraços e até a próxima aventura bttistica…

Assinado: Rui Silva


Parque Natural de Montesinho

Porto - Bragança = 217 km
Lisboa - Bragança = 306 km

É um dos maiores parques naturais dos 12 existentes no país e foi criado em 1979.

Tem uma forma rectangular e situa-se no topo Nordeste de Portugal, na Terra Fria Transmontana, fazendo fronteira com Espanha, a 4km da cidade de Bragança.

Com 92 aldeias, entre as quais a célebre Rio de Onor, metade portuguesa, metade espanhola, onde ainda hoje funcionavam vários equipamentos comunitários.

Perto da aldeia de Guadramil existe uma das maiores comunidades de lobos da Europa.

Na aldeia de Montesinho, bem no coração do parque, a uma altitude de 1100mt, as casas foram recuperadas, mantendo os traços tradicionais, com telhados em lousa, onde a neve escorre no inverno. 

No parque destacam-se dois grandes maciços existentes, a Oeste a Serra da Coroa e a Este a Serra de Montesinho.

Área: 74.230 hectares
Habitantes: 9.000
Altitude:
máxima = 1486 m
Foi há uns anos atrás que estive neste magnifico parque, com paisagens de beleza extraordinária e que felizmente as condições para o turismo, aumentaram e melhoraram consideravelmente.

O que eu não pensava ver neste local eram as ventoinhas, ou aerogeradores, apesar das vantagens para obtenção de energia e ecológicas. Já não existe monte que escape a estes equipamentos, que na minha opinião (Vítokorov) afecta a beleza da paisagem...

2 comentários:

Anónimo disse...

Finalmente uma crónica com pés e cabeça....
Isto é que foi um imprevisto e peras, e a ironia da sittuação o homem quase a morrer num sítio paradisíaco...ou não, já que existe a hipótese de a doença súbita ter sido causada por algum animal durante o passeio.
Um dia destes havemos de voltar ao PNM para concluir o que começamos e de preferência por altura do Carnaval, para pedalar com neve....
Nesta crónica faltou o relato da descida da barragem até aldeia de Montesinho, pelo trilho pedestre, que era apropriado para cabras e não para bikes, com alforge. Por isso não é de estranhar uma ligeira queda, que apenas provocou danos na manete do travão, ficando dessa forma sem travão à frente, tornando a descida mais emocionante.
vitor silva

sui generis disse...

viva, tens track?? gostava de fazer esse percurso na proxima semana :D
grande abraço!