30 dezembro 2012

COVELO PAIVÓ - REGOUFE - DRAVE


24-12-2012

Pois é, por ser Natal, eu e o Vítor decidimos dar uma prenda a nós mesmos e por isso às 06H45 já nos encontrávamos a carregar as bikes para o carro e a arrancar em direção a Arouca.



Depois da paragem em Arouca, onde reabastecemos



a viagem continuou, mais precisamente até à freguesia de Covelo de Paivó, que fica incrustada num vale entre as Serras da Freita e Arada.



Aldeia que parece perdida e parada no tempo, habitada ainda, mas na sua maioria por pessoas de alguma idade, que vivem da agricultura e pastorícia.

Sinal dos tempos e da nossa Portugalidade, consegui descortinar pelo menos dois carros com matriculas da Suiça e França, provavelmente, de emigrantes que tinham regressado à terra para passar o Natal e que emprestavam uma ar de modernidade ao rústico ar da povoação.


Quando fazíamos preparativos para empreendermos o PR13, que nos levaria dali até à aldeia de Regoufe, surge um habitante local que com a sua natural simpatia e sem ficar muito surpreendido por ali nos ver, nos cumprimentou e nos perguntou se íamos até Regoufe e daí até Drave.




Avisou-nos ainda que o caminho é manhoso e que precisamos de ter cuidado.


 


O caminho começou junto à capela e está bem sinalizado.

Começamos bem em cima da bike, mas a coisa durou pouco, o trilho PR13 - Na Senda do Paivó, tem tanto de belo como de não ciclável.


O piso é pedregoso e muito irregular, mas vale bem o esforço de ter de carregar as bikes às costas, quase 4km, porque as paisagens envolventes são de cortar a respiração.


As grandes lages no caminho, desgastadas e com algumas marcas pela passagem dos carros de bois, a lembrar histórias esquecidas e da dificuldades das gentes destas terras.



O encontro da Ribeira de Regoufe com o Rio Paivó, que seguia sempre do nosso lado direito.

Quatro kms depois chegamos à aldeia de Regoufe.



Atualmente ainda bastante habitada, conhecida por aí terem existido umas minas de volfrâmio, exploradas pelos aliados no tempo da 2ª grande guerra, aonde ainda hoje são visíveis as ruínas dessa exploração, ruínas essas que só visitaríamos no regresso ao ponto de partida, pois, porque nós não gostamos de coisas fáceis e no regresso descemos uma 2ª vez à aldeia.



O PR14, caminho de Regoufe até Drave é quase todo ele ciclável.



excepção feita a uma colina inicial de elevada inclinação, cheia de calhaus, que contornamos.




à saída da aldeia atravessamos a Ribeira de Regoufe.




A conselho de um habitante local optamos por um caminho agrícola, ladeado de alguns castanheiros e que nos levou ao mesmo local que o caminho da colina, mas sem termos de carregar as bikes às costas.

A paisagem continua a ser de extrema e rara beleza e a natureza aqui está conservada e intacta.



Do outro lado da montanha podemos ver os montes arredondados e a famosa garra de águia,



no fundo do vale podia ver o rio Paivó.

E se escutasse com atenção, ouvia no serpentear do rio um segredar que não conseguia descortinar, mas que trazia pureza e genuinidade da aldeia mágica de Drave.



Dos cerca de 4 kms que distam de Regoufe a Drave, só o ultimo km não é ciclável,



mas que é compensado por já ser feito com a aldeia á vista e rodeado de muros em rocha lousinha que delimitam os campos de cultivo e os caminhos.

Drave, vista de longe parece uma cascata, feita com as rochas do



próprio monte e por isso quase impercetível, tal é a harmonia da aldeia e da natureza que a rodeia.

Torna-se difícil explicar por palavras, coisas e sentimentos que só se têm quando os vivemos, por isso nada como gastar um dia e visitar o local.



A saída da aldeia mágica foi feita pelo lado contrário, atravessando uma pequena ponte em madeira,



subindo por um carreiro em pedra, não ciclável,



Segue-se um estradão (tipo corta-fogo), junto da placa de informação Drave,



com uma inclinação bastante acentuada, que começava a cerca de 500 metros da aldeia,






e que nos conduziu ao planalto da Serra de S. Macário, onde pedalamos num estradão, rasgado por causa do parque eólico.




A partir daí o regresso foi feito por estrada, não sem antes termos contemplado mais uma aldeia, desta feita a aldeia da Pena, mais outro local belo e que vale a pena visitar.



Onde existe a lenda do morto que matou o vivo.

No regresso passamos ainda no portal do inferno e



pelas minas de volfrâmio de Regoufe.





De Regoufe até Covêlo de Paivó, o regresso foi feito por estrada e sem grande dificuldade, pois era quase sempre a descer… ALTAMENTE

Ficaram na memória, recordações, experiências, cheiros, vento a dificultar a progressão, mas tudo isso, de valor inestimável, tanto mais que foi feito na companhia do meu velho companheiro de descobertas Vitor Silva.

Jorge Almeida

1 comentário:

Augusto Tomé disse...

Que inveja, no bom sentido da coisa, claro, vocês fazem cada percurso espectacular. Parabéns.