11 abril 2012

SANTIAGO PELO INTERIOR


Como já tínhamos falado sobre este caminho na nossa pagina do facebook, após a sua divulgação em Santiago de Compostela, pelos responsáveis dos 8 municípios portugueses, por onde passa o caminho, e após ter percorrido alguns quilómetros do mesmo entre Vila Pouca de Aguiar e Chaves(parte final), decidi fazer os quilómetros iniciais.

Assim, mais uma vez fui até a cidade de Viseu para pedalar.

Não obstante, a inauguração deste caminho ser no próximo dia
24, decidi fazer um percurso a minha medida, um pequeno trajecto entre a localidade de Farminhão e Almargem, no concelho de Viseu.


Depois de consultar o site oficial do caminho, desloquei-me para o Centro Hípico de Montebelo, para iniciar o percurso, mas infelizmente não encontrei qualquer sinalização ou informação acerca do mesmo.

Como tinha elaborado o track gps, conforme as indicações fornecidas, lá encontrei no asfalto a primeira mini seta amarela e outra azul, no sentido contrário.

Meti-me logo a caminho por um estradão largo de mato.


Uns metros à frente atravessei a ciclovia do Dão em direcção ao centro na localidade, onde fiz uma breve paragem para um foto e uma bebida fresca, que a tarde estava com temperaturas agradáveis de verão.


A saída da localidade fez-se novamente por estradão de mato, desta vez a descer em direcção a uma ribeira, sem qualquer dificuldade física e técnica.





Infelizmente, foram apenas 2,4km de mato até voltar ao asfalto.



Na foto podem ver a colocação da única seta, que neste caso as dimensões não deixavam dúvidas.

Antes de entrar em Viseu, ainda percorri mais 1,2km de mato a descer, onde mais uma vez as poucas setas e de dimensões pequenas obrigaram a seguir o caminho devagar, que no caso dos peregrinos de bicicleta não é nada agradável.


Ao chegar a estrada mais um exemplo frequente de um erro na colocação das setas ou seja, a colocação devia ser na parte frontal do poste, de maneira a ser visível ao longe e não apenas quando se passa o poste, que fica depois do cruzamento.

Além disso, ficava bem melhor a colocação de outra seta, uns metros mais à frente, para não deixar dúvidas, o que raramente acontece.

Daqui para a frente seguiram-se cerca de 5km por estrada até ao centro da cidade, em que o único facto de relevo é passar ao lado do
uma ribeira ou o rio, que pelo aspecto parece uma fossa, talvez devido a proximidade da etar.

Na Avenida Alberto Sampaio, que dá directo ao centro da cidade (Rossio ou Praça da República), voltei a não encontrar setas com indicação, tendo a muito sacrifício verificado que as mesmas estavam no chão do passeio, que com os carros estacionados não é possível os ciclistas de as verem.



Praça da República ou Rossio – Desde 1534, data da sua primeira referência, que este é o ponto de encontro da sociedade, onde parecem convergir todas as direcções da cidade.

Aqui encontra-se o imponente edifício da Câmara Municipal, construção do século XIX e um lindíssimo painel de azulejos que retratam a vida campestre.


O painel foi feito pelo Mestre Lopes Joaquim em 1931, na extinta Fábrica do Aguieiro em Vila Nova de Gaia.


Retrata trajes típicos da região, personagens e cenas da vida quotidiana tradicional, bem como 5 representações de uma torre de um castelo.

Porta do Soar e Porta dos Cavaleiros – portas antigas de Viseu que faziam parte do cerco muralhado defensivo que D. João I mandou erigir durante a crise de 1383-1385.



Assim, são o que restou do ataque feito pelas tropas de Castela, que saquearam e incendiaram a cidade no século XIV.


A Sé catedral – é famosa pela capela-mor gótica.
Foi erigida no século XIII por cima de muralhas romanas como ponto estratégico de vigia.


A catedral original combina vários estilos arquitectónicos devido aos sucessivos acrescentos ao longo dos séculos.
Dentro da catedral vale a pena visitar os claustros para além de todos os exuberantes recantos da capela-mor.


No Largo da Sé podemos admirar um secular
pelourinho que centraliza a riquíssima paisagem arquitectónica.


Museu de Grão Vasco – ladeado à Sé, tem o nome do artista português do século XV, que também deu o seu nome a um dos mais conhecidos vinhos da região.

O museu alberga muitas das suas obras, incluindo os famosos 14 quadros da vida de Cristo que outrora davam graça as paredes da Sé.


Igreja da Misericórdia – datada do século XVII é um belíssimo edifício situado em frente à Sé de Viseu e tem também vestígios da antiga muralha.

Possuidora de uma fachada rococó, o seu corpo central prolonga-se por mais dois corpos laterais, dando à igreja ares de solar, nos últimos dos quais assentam, de forma incaracterística, as duas torres sineiras.


Apesar de se tratar do único local em todo o percurso com motivos suficientes para uma paragem demorada, não perdi grande tempo com fotos, porque Viseu é como uma segunda casa para mim.

Ainda fui ao posto de turismo saber se disponham de alguma informação sobre o caminho de Santiago, mas como era expectável quiçá após a inauguração.


A descer voltei a enganar-me por alguns metros no caminho, porque procurar setas amarelas no chão com carros a impedir não é facil.

Neste local o percurso obriga a seguir por dois sentidos proibidos, que julgo ter sido uma opção errada, dado que tinham alternativas.
Esqueceram-se que os peregrinos não seguem todos a pé.

Depois de atravessar o Rio
Pavia



Que nasce na área da freguesia de Mundão, no concelho de Viseu e atravessa a cidade, indo desaguar no Rio Dão, na freguesia de Ferreirós do Dão, concelho de Tondela.



os quilómetros seguintes continuam sem qualquer interesse, primeiro junto a edifícios industriais, depois junto a via rápida e estradas secundárias até a
localidade de Lordosa.

Um erro frequente na marcação...a unica seta está no poste, mas não se consegue ver.


A seta apenas se vê depois de passar o poste.


Por fim, algo digno de relevo uma via romana, com de 600mt de cumprimento, em bom estado de conservação, talvez por ser considerada imovel de interesse publico.


A calçada encontra-se "escondida" no meio do mato, ao longo da N2 e termina pouco antes da ponte romana de Almargem.

Aapesar de tantos calhaus não tem
quaisquer dificuldades técnicas (como no trajecto todo).


Aqui as setas continuaram a falhar ou eu seguia a dormir, pois no fim da calçada fiquei na duvida e optei pelo estradão, tendo verificado na estrada que era pelo carreiro (trilho de cabras) mais adequado a caminhadas.


Terminei o passeio junto da escola primária de Almargem, onde julgo que vai ficar instalado um Albergue, mas que pelo aspecto não vai ser para breve.

Percorri os 34km a um ritmo lento, de manco observador, em 02h00.


Resumindo:
Apesar das falhas na sinalização e falta de informação, que acredito seja colocada em breve, o importante é celebrar esta iniciativa conjunta das câmaras, em criar um percurso de 205km, que irá atrair milhares de turistas, e dessa forma promover as regiões, as suas paisagens, gastronomia, comercio, hotelaria e culturas.

Esperemos que este exemplo se alastre a outros concelhos.

Mais informações do percurso podem sempre consultar a pagina oficial.



  • Trilho GPS
GPSies - Viseu - Caminho Português Interior de Santiago



3 comentários:

Miguel K2 Sampaio disse...

Caro Confrade
Boa esta reportagem e fico contente por as setas estarem assim um pouco "escondidas" porque faz com que o pessoal se concentre na paisagem e "força" a pensar e o meu caro teve essa mesma experiência até viu mais do que estava á espera. Óptimo.
Quanto ao facto dos sentidos proibidos pois ás tantas era por ali alguma estrada que seguia. Relembro, por exemplo, que no Caminho Central(ou medieval) no Porto mais concretamente na Rua de Cedofeita, o pessoal também vai em sentido contrario, pois aquela rua medieval era uma saída do Porto para Barcelos ou Póvoa.
Resumindo e concluindo fico satisfeito pela reportagem pois para mim é assim que se faz o Caminho "de" Santiago.
BRAVO :) :)

1 abraço e um queijo da serra
Miguel K2 Sampaio

Domingos Moreira disse...

Bela passeio.

Infelizmente os horários andam sempre trocados. Pois antes prefiro andar nestes passeios que a ver quem chega em ultimo!!

Um abraço.

ECOBIKE disse...

Caro Miguel as minhas observações nesta crónica acerca da localização das setas não são criticas, apenas a minha opinião enquanto peregrino de bicicleta, que é um pouco diferente de que quem o faz a pé, como eu já fiz do Porto a Santiago.

Quem quer desfrutar do caminho deve ir a pé, porque quem faz uma média de 80km por dia de bicicleta tem de andar da perna, para ter tempo para fotos, comer e beber, etc e chegar a tempo ao albergue, nunca o pode fazer da mesma forma.

A minha opinião é que no centro da cidade algumas as setas estão no chão do passeio, logo os ciclistas circulam na estrada têm de seguir atento aos carros, peões e as setas.

Não será nada de extraordinário colocar uma ou outra seta num sitio mais visível, para os peregrinos seguirem mais descontraídos e apreciar o que os rodeia, porque sabem que estão no caminho certo.
E no mato a descer devem ir atentos ao terreno e não a procurar setas, logo não deve haver dúvidas qual o caminho a seguir.

Para não haver mal entendidos a minha intenção foi fazer um relato do percurso e não criar qualquer problema ou critica negativa a quem teve o trabalho de o marcar.

Estou certo que qualquer betetista fará o percurso sem grandes stress e com o passar do tempo não faltará informação detalhada do caminho, graças às viagens de outros peregrinos, nomeadamente onde ficar, comer, o que ver, etc.

Bom caminho
Abraço
Vítor Silva

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