19NOV2011
Como já vem sendo hábito, foi-me confiada a tarefa de relatar mais uma aventura, desta feita em terras transmontanas.
Convocatória para as 06H00 em minha casa e eis que temos a 1ª surpresa ainda não tinha acordado, o Paulo sucumbiu a umas dores de garganta e à última desistiu, caso para dizer que parecia bruxo.
Não chovia, mas algumas nuvens no céu e o tempo de chuva dos últimos dias, não agoiravam nada de bom.
Corajosos: Couto e Nuno (principalmente) e mentecaptos: Jorge Almeida (em função da falta de um pé) e Vitokorov, lá partimos em direcção à terra de família do nosso amigo Couto às 06 e qualquer coisa para percorrer um pouco mais de 170Kms, por uma estrada que se está a transformar em auto-estrada, por isso cheia de desvios e imprevistos.
Chegada à simpática aldeia por volta das 09H00 e após preparação das máquinas lá partimos.
Primeira visita: ponte ferroviária da extinta linha do Tua e estação da aldeia de Romeu, de onde sempre pela extinta linha começou a nossa odisseia.
Os 8Kms iniciais foram percorridos pela linha do Tua que permitiu em quase toda a extensão que percorremos, circular em cima da bike,
excepção feita a um desfiladeiro que estava tomado pela vegetação, mas que nós contornamos pelo monte contíguo e que nos fez conviver com dois pastores que por ali andavam com o seu rebanho e respectivos cães.
Após estes Kms iniciais, do agrado do nosso vice (que noutra vida deve ter sido maquinista) tal é a obsessão por linhas de comboio, lá entramos nos trilhos que é isso que o meu bom povo gosta.
A paisagem transmontana no seu melhor, cheiro característico, 1ª surpresa uma agradável mini barragem que provoca as imagens que aqui podem ver, o verdadeiro verde da Ecobike.
Mais à frente mais um local idílico com umas construções em pedra totalmente inseridas na paisagem e que o nosso amigo Couto disse terem sido em tempo uma fábrica de rolhas, propriedade de uma família Eng. Menéres…
O Couto confidenciou-nos ainda, que naquele local é habitual ser palco de umas raves (pena não estar a ocorrer uma neste dia, porque havia de ser engraçado).
Logo a seguir uma pequena subida para aquecer e
um cumprimento ao reino animal...
Depois desta visita a coisa começou a correr mais rápido,
mas não muito porque a minha maquina não dava para mais…
O Vice como não podia deixar de ser lá decidiu assustar a malta e lá foi ao soalho o seu melhor estilo, coisa que não fez grande mossa.
Passamos por uma aldeia Cedainhos, perdida no tempo em que ainda perguntei a uma senhora se havia algum café ou loja no sítio que estivesse aberta, mas fui prontamente elucidado de que só à noite é que abria um cafézito.
Começamos então um pequeno plano inclinado em direcção ao céu, que nos levou á aldeia de Caravelas, onde aí sim havia um tasco, mas já lá vamos… antes quero aqui deixar bem claro que a minha bomba, me obrigou a parar para ser o ajudante do Couto na mudança da câmara de ar do seu pneu traseiro, a qual parecia uma passevite, e mais não digo…
Quando chegamos à aldeia, já ali se encontravam o Nuno e o Vice que estava à nossa espera há meia hora, agarrado a uma sandes de chouriço (segundo o mesmo, conseguiu meter um chouriço partido às rodelas dentro de um pão), sim, porque no tasco da aldeia o cliente é que fazia as sandes.
Eu pedi uma sande de queijo e a senhora que ali estava, partiu um queijo e pôs o dito cujo em cima do balcão junto com o pão e disse-me para fazer a sandes… inacreditável, só mesmo numa aldeia transmontana e ainda por cima pagamos pouco pelo serviço.
Tempo ainda para confraternizarmos com um companheiro, que aproveitou logo para narrar as suas conquistas em cima da bicicleta, onde pedalou ao lado de nomes como Miguel Indurain… ah pois é…
Desta simpática aldeia avistava-se já o cume da Serra de Bornes, que não estava assim tão longe como isso…
Mas o Vice havia já delineado, que não podíamos fazer a coisa pelo mais fácil e toca a descer, descer, descer e descer até um vale em que quase não víamos nada… antes de começarmos uma subida para uma serra, fazer uma descida tão alucinante é sempre bom presságio.
Para juntar ao festival de rampas pedonais, eis que a chuva, que já havia ameaçado, começa a cair com mais intensidade e quanto mais subíamos mais chuva e vento.
Paisagem deslumbrante que pude adivinhar por entre o nevoeiro, que decerto motivou a construção de um Hotel&Spa - Alfandega da Fé, naquela encosta da serra, com uma arquitectura interessante e muito bem enquadrado na paisagem.
O tempo urgia, eram já cerca de 16H30, quando subimos para o planalto da serra de bornes, para atravessar o planalto onde está instalado um parque eólico, daqueles que todas as nossas serras possuem.
O tempo bastante carregado de nuvens não ajudava e por isso era preciso andar e rápido, para fazermos a descida da serra ainda com luz solar, pois ninguém tinha levado luzes…
mas fomos atraiçoados pela extensão do trajecto a percorrer e pelo joelho do Nuno e ficamos às escuras no cimo da serra… coisa inédita… algum dia teria que ser…
Posso confidenciar, que é uma coisa pouco agradável, juntando a esse o facto de estarmos todos encharcados e sob um forte vento, a coisa esteve para descambar, com o Nuno a dar a ideia de irmos para uma das torres eólicas e ligarmos à Protecção Civil para nos ir buscar… lol
e como? Através de coordenadas de GPS… quase que dava para rir se a situação não tivesse já provocado uma pequena discussão entre moi-même e o vice por causa de atalhar caminho, ou seguir o trilho do aparelho, que ele tão zelosamente desenhou no Google.
Lá mantivemos a calma e seguindo o gps lá conseguimos descer a serra a muito custo, pois não se via um corno à frente e começamos a ver luzes... ufa estamos safes desta.
As luzes eram da aldeia, a qual ainda distava cerca de 20 Kms de Romeu de Jerusalém... a alegria de termos chegado a um povoado (18h35) com luz não nos aquecia, estávamos encharcados e com frio, não conhecíamos a aldeia, por isso decidimos parar e perguntar.
Aldeia de Castelãos, fomos perguntar a junta, que por estranho ainda estava aberta e o funcionário vendo o nosso estado rapidamente se ofereceu para nos indicar o caminho até a estrada que nos levaria de volta a Romeu, ao mesmo tempo que nós iluminava o caminho.
Lá arranjamos animo para pedalar mais alguns quilómetros na completa bruma, porque luz pública nem vê-la, quer dizer tínhamos a dos carros, que surgiam do nada e nos obrigavam quase a ir para a valeta para evitar algum acidente.
Em Romeu estava a decorrer um magusto, com a tradicional fogueira, que veio bem a calhar para aquecer antes do banho.
Infelizmente, após o banho eu e o Nuno tivemos de regressar ao Porto, enquanto o Vitokorov e o Couto, puderam degustar uma posta à mirandesa, no famoso restaurante Maria Rita.
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