Miranda do Corvo
Depois da participação no Trail
dos Amigos da Montanha, no mini trail
com cerca de 25 km e depois do bichinho ter pegado, eu (Leandro Costa) o
Hélder Coelho e a Filipa Barata decidi-mos procurar um Trail com uma distancia
superior no sentido de experimentar fazer um UltraTrail.
A escolha recaiu no Trilho dos Abutres – Miranda do Corvo, Trail integrante do circuito nacional de ultra Trail e classificado como UltraTrail muito difícil, seriam 45 km aproximadamente com cerca de 5000m de desnível (+\-) a Filipa optou pela distancia mais curta cerca de 20 km.
No entanto nesse momento nem sonhava-mos pelo que teríamos que passar para chegar ao fim, no entanto como não somos pessoas de virar a cara á luta lá partimos para a batalha.
A escolha recaiu no Trilho dos Abutres – Miranda do Corvo, Trail integrante do circuito nacional de ultra Trail e classificado como UltraTrail muito difícil, seriam 45 km aproximadamente com cerca de 5000m de desnível (+\-) a Filipa optou pela distancia mais curta cerca de 20 km.
No entanto nesse momento nem sonhava-mos pelo que teríamos que passar para chegar ao fim, no entanto como não somos pessoas de virar a cara á luta lá partimos para a batalha.
Antes de tudo preparativos para a prova em
causa, um pouco diferentes do que se passa no BTT, existindo algumas obrigações
a cumprir, nomeadamente material obrigatório que seria necessário levar:
- CamelBak ou Cinto com recipiente (s);
- CamelBak ou Cinto com recipiente (s);
- Manta de
Sobrevivência;
- Apito;
- Telemóvel;
- Telemóvel;
- Corta –Vento;
- Frontal;
- Recipiente com
capacidade para um mínimo de 15cl.
À ultima hora a organização resolveu esse problema com a oferta de uma caneca de plástico a todos, o frontal tornou-se essencial como vou ter oportunidade de explicar mais á frente.
Antes da partida existiu um controlo zero para a verificação do material obrigatório, verificação essa junto de cada atleta para verificar se possuem o material, pois a prova desenrolar-se-á em zonas que atingem os 950 metros de altitude, com temperaturas que poderão ser negativas, propícias à existência nevoeiros, gelo e queda de neve, logo esse material ser essencial no caso de algo não correr da melhor forma.
À ultima hora a organização resolveu esse problema com a oferta de uma caneca de plástico a todos, o frontal tornou-se essencial como vou ter oportunidade de explicar mais á frente.
Antes da partida existiu um controlo zero para a verificação do material obrigatório, verificação essa junto de cada atleta para verificar se possuem o material, pois a prova desenrolar-se-á em zonas que atingem os 950 metros de altitude, com temperaturas que poderão ser negativas, propícias à existência nevoeiros, gelo e queda de neve, logo esse material ser essencial no caso de algo não correr da melhor forma.
Nos dias que
antecederam a competição as condições meteorológicas não eram as mais
favoráveis, dias a fio a chover torrencialmente o que encheu o piso de agua e
encheu também bastante as ribeiras, sendo inclusivamente necessário a
organização á ultima da hora alterar o percurso, o que tornou ainda mais
complicada a prova, mas miraculosamente os deuses do tempo estiveram no nosso
lado e no dia o tempo esteve impecável para a prática da modalidade nem uma
gota de agua e o sol chegou inclusivamente a aparecer.
Sem dúvida que
existe um ambiente muito saudável nestas competições de Trail, ambiente esse
que se verificou também nesta prova em particular, convívio e bastante entreajuda,
entre todos.
A partida foi dada pelas 08H40, junto ao
Pavilhão Municipal de Miranda do Corvo, parte inicial rolante e logo de
seguidas subida ao Cristo Rei da região ainda dentro da vila, de seguida
entrada no interior do parque biológico, percurso muito interessante rodeado de
animais, passagem depois por umas pontes em Madeira sobre o rio Dueça, entrada
logo seguida numa floresta muito serrada e em trilhos com muita lama e sempre
acompanhado de linhas de agua, local chamado Vale Feijão, realmente neste local
lama até ao joelho, progressão difícil, no final deste local chegávamos sensivelmente
ao km 6.
Depois disto
estávamos quase no 1º abastecimento que estava colocado ao km 9, abastecimento
colocado em Vila Nova, aqui ia-mos iniciar a primeira ascensão do dia que nos
levaria a subir até aos 915 m de altitude, depois do descanso, iniciou-se a
subida sempre por trilhos muito técnicos e com uma inclinação muito acentuada,
na companhia de ribeiras e levadas que tornou muito difícil a progressão,
passagem ainda pelos moinhos de agua da aldeia do Giestal, aqui tínhamos
atingido em 15 km.
Mais ou menos a meia da subida tivemos uma parte quase em plano que permitiu descansar um pouco e que nos levou até á Barragem das Louçainhas, de seguida depois de mais uns km numa floresta muito arborizada, chegada ao Parque Florestal das Mestrinhas, estavam completados cerca de 18 km, neste local estava instalado o 2º abastecimento.
Iniciava-se de seguida a parte final da subida, subida extremamente inclinada que nos havia de levar até ao Ponto mais alto mais de 900 m de altitude e chegada ao Parque Eólico, aqui terminava o que mentalmente tinha definida como as primeiras duas subidas dignas de registo, e o cansaço também já se começava a instalar, até porque neste momento já seguia sozinho, visto que o Hélder já se tinha posto em fuga á alguns km atrás.
Mais ou menos a meia da subida tivemos uma parte quase em plano que permitiu descansar um pouco e que nos levou até á Barragem das Louçainhas, de seguida depois de mais uns km numa floresta muito arborizada, chegada ao Parque Florestal das Mestrinhas, estavam completados cerca de 18 km, neste local estava instalado o 2º abastecimento.
Iniciava-se de seguida a parte final da subida, subida extremamente inclinada que nos havia de levar até ao Ponto mais alto mais de 900 m de altitude e chegada ao Parque Eólico, aqui terminava o que mentalmente tinha definida como as primeiras duas subidas dignas de registo, e o cansaço também já se começava a instalar, até porque neste momento já seguia sozinho, visto que o Hélder já se tinha posto em fuga á alguns km atrás.
Iniciamos nova descida, parte mais acessível do passeio maioritariamente a descer ou em plano sem grandes dificuldades técnicas, até que entramos num corta-fogo extremamente inclinado, quando falo inclinado, digo inclinado mesmo parar era quase impossível, é inacreditável, mas que no entanto permitia observar Coimbra e no horizonte algumas serras, como a da Serra da boa viagem ou Caramulo, mesmo com aquele grau de inclinação a velocidade com que alguns participantes descem, até que a descida continuou ribeira a dentro, sempre a descer no meio da ribeira, descida fantástica, aqui neste momento fui presenteado pela passagem de dois corços (vulgo bambys) altura que vai ficar para sempre na memoria, no fim da mesma saída para o estradão, que fez a ligação á Pista de Downhill, pista extremamente inclinada, descida bastante técnica em single-track, depois disto, chegada ao Santuário da Sra. Da Piedade de Tábuas, onde se encontrava o 3º Abastecimento, aqui neste local existia um limite de tempo para passar no mesmo e poder progredir o limite eram 5 h, quando passei neste ponto tinha cerca de 4h de prova e 24km.
Mas tudo o que desce também sobe e nesta zona
sobe mesmo muito, dávamos início á segunda ascensão a mais de 900m de altitude,
nesta zona sempre a subir e muita difícil tração, em virtude de ser sempre
feita a acompanhar a Ribeira da Sra. Piedade de Tábuas, e porque neste momento
também nos começaram a acompanhar as câimbras e dores musculares, o que valeu é
que o local em causa era absolutamente fantástico, visto que durante a subida
fomos brindados com inúmeras quedas de agua que apesar da dureza tornaram o
percurso agradável, local a voltar noutra altura com melhores condições físicas
para poder desfrutar do mesmo ao máximo.
Depois disto uma parte mais plana e de seguida entrada num estradão e de seguida numa pista de downhill, o trilho apesar de ser a subir, era possível fazer o mesmo a correr, mas como as forças já não eram muitas o mesmo foi feito todo a caminhar no sentido de ir gerindo a débil condição física, e nova chegada junto ao parque eólico e fim da subida estava novamente aos 900 m de altitude, km 31 e 4º abastecimento.
Depois disto uma parte mais plana e de seguida entrada num estradão e de seguida numa pista de downhill, o trilho apesar de ser a subir, era possível fazer o mesmo a correr, mas como as forças já não eram muitas o mesmo foi feito todo a caminhar no sentido de ir gerindo a débil condição física, e nova chegada junto ao parque eólico e fim da subida estava novamente aos 900 m de altitude, km 31 e 4º abastecimento.
De seguida inicio da descida,
1ª parte em estradão, de seguida um serpentear de uma floresta e em single –
track sitio muito bonito, depois disto entrada novamente numa pista de
downhill, mas desta feita a descer, descida técnica bastante escorregadia,
interrogava-me como é que é possível descer aquilo de bicicleta se a pé já era
difícil, mas se calhar a minha opinião estava a ser influenciada pelo cansaço
acumulado e falta de oxigénio no cérebro, nesta descida novamente o serpentear
o rio, atravessar o mesmo constantemente de um lado para o outro, pedras
escondidas e piso bastante escorregadio, tornaram complicada a descida, sem que
fosse possível relaxar ou descansar, nem a descer era possível descansar ou
será que já estava cansado demais para conseguir descasar?
Chegou a um momento em que vi Gondramaz e pensei estou a chegar, mas o pior ainda estava para surgir, faltava ainda subir ao Penedo dos Corvos, subida muito intensa, muito técnica, agarrado a cordas, muita pedra para escalar e transpor, foi complicado mas quando cheguei a Gondramaz sensação de alivio estava feita a ultima subida digna de registo e mais um objectivo alcançado 2ª parte da concluída, aldeia característica toda em Xisto e totalmente recuperada, aqui estava mais um posto de controlo e o 5º abastecimento era necessário passar aqui no máximo com 8 h de prova, passei com 07H15 e 35 km de distancia, penso eu, está quase, enquanto saboreio um chá de limão bem quente, isto agora é quase sempre a descer, que enganado que eu estava porque cheguei a uma altura em que nem descer, nem plano, nem a subir a coisa estava a ficar complicada, e a luz a começar a desaparecer.
Chegou a um momento em que vi Gondramaz e pensei estou a chegar, mas o pior ainda estava para surgir, faltava ainda subir ao Penedo dos Corvos, subida muito intensa, muito técnica, agarrado a cordas, muita pedra para escalar e transpor, foi complicado mas quando cheguei a Gondramaz sensação de alivio estava feita a ultima subida digna de registo e mais um objectivo alcançado 2ª parte da concluída, aldeia característica toda em Xisto e totalmente recuperada, aqui estava mais um posto de controlo e o 5º abastecimento era necessário passar aqui no máximo com 8 h de prova, passei com 07H15 e 35 km de distancia, penso eu, está quase, enquanto saboreio um chá de limão bem quente, isto agora é quase sempre a descer, que enganado que eu estava porque cheguei a uma altura em que nem descer, nem plano, nem a subir a coisa estava a ficar complicada, e a luz a começar a desaparecer.
Depois de mais uns minutos no
abastecimento a tentar recuperar, iniciou-se mais uma descida, descida muito técnica
mas de estrema beleza, mas novamente essa sempre acompanhado pelo rio a descida
foi sempre feita com constantes travessias do rio, progressão lenta mesmo a
descer, em virtude de a tração ser fraca e discernimento e o controlo do corpo
muito débil, mas neste momento já nada me travava em chegar ao fim quer fosse a
correr ou a caminhar, apanhar a viatura de apoio é que não, tinha que
conseguir, realmente isto é um desafio físico extremo, mas também psicológico,
parênteses feito, cheguei á aldeia de Espinho, com mais de 40 km e cerca de
08h50 de prova aqui o limite para passar eram 09H30, aqui também se encontrava
instalado o 6º e ultimo abastecimento, aqui neste local pouco parei fui
informado que agora seriam cerca de 6/7 km para o final, metade em terra e a
outra metade em asfalto, aqui neste momento já dava tudo para poder correr um
bocado em asfalto mas lá tive ainda que correr mais 3 km em terra e lama e fui obrigado a ligar o frontal, que
não é nada mais nada menos que uma lanterna para colocar na cabeça e que jeito
que deu, porque escureceu completamente, e assim foi mais cerca de 4 km em
terrenos numa mistura de estradas agrícolas com caminhos agrícolas, e o trilho
na parte final a acompanhar a levada de agua, e finalmente começo a ver a luz
ao fundo do túnel o que o mesmo será dizer que comecei a ver ao longe umas
luzes de uma estrada, o que significava estar próximo de Miranda, a parte final
do percurso foi feita com outro companheiro que também se encontrava em
dificuldades, mas ambos com uma vontade
imensa de chegar ao pavilhão municipal.
Parte final feita maioritariamente por uma
ciclovia no interior de Miranda do Corvo, e pórtico da meta á vista, mas sem
antes nos obrigarem a subir um pequeno desnível para chegar ao pavilhão, e
objectivo concluído cerca de 10h20 depois e uma alegria enorme por ter chegado
ao fim, alegria essa mascarada no meio da minha cara de sofrimento.
Realmente vai ficar para sempre
na memoria este dia épico, pela conclusão da 1ª Ultramaratona, depois de termos
realizado apenas um mini-trail antes, depois pela beleza do percurso e espectacularidade
que a zona tem para nos oferecer, pelo maior empeno que levei em toda a minha
vida, nem quando comecei a andar no BTT fiquei assim e por ultimo que realmente
a mente controla tudo o resto e que quando metemos um objectivo na nossa cabeça
dificilmente somos vencidos, e que o corpo não tem limites, os limites somos
nós que os estabelecemos mentalmente, salvo se existir algum revês de natureza
física que não nos permita continuar, se assim não for, tudo é possível, basta
acreditar e querer, são premissas para que seja possível atingir qualquer
objectivo, sinto que saí mais forte psicologicamente depois desta conquista,
fisicamente já não o posso dizer o mesmo, visto que fiquei muito desgastado,
mas durante a semana já deu para recuperar e voltar aos poucos aos treinos.
Parabéns a nós os 3 por termos
concluído a prova em causa.
Depois disto descansar e depois
apontar baterias para o NGPS em Arouca, para que tudo corra pelo melhor.
Leandro Costa
Sem comentários:
Enviar um comentário