Aventura de hoje leva-nos até Espanha, para fazer uma travessia a pé, pela antiga linha férrea que ligava a cidade do Porto a Paris, numa notável obra de engenharia, classificada de Património Nacional Espanhol.
Há muito tempo que andávamos para fazer esta travessia, mas por diversos motivos foi sempre adiada, o que aumentou a expectativa do passeio.
Saímos do Porto bem cedinho (07h00), porque tínhamos muitos quilómetros (+ou- 285) pela frente até chegar ao nosso destino.
Fizemos apenas uma breve paragem para pequeno almoço em Barca D` Alva.
Dado que o percurso ia ser feito em travessia era necessário arranjar transporte para no final ir buscar o carro.
Porém, isso não foi problema, pois as pessoas desta bela localidade já estão habituadas a esta necessidade.
Assim, bastou abordar o assunto com a empregada do café e rapidamente conseguimos um “taxista” para o serviço.
Não foi fácil encontrar o caminho para a antiga estação, uma vez que não existia sinalização vertical.
Mas com ajuda de um morador lá encontramos o estradão em terra, que nos levou até a estação ao mesmo tempo que um grupo de cinco caminheiros da Maia.
Ao principio ainda fiquei com algum receio de deixar o carro na estação, por ficar isolada de tudo, mas não tinha outro remédio e a pressa de começar era muita.
Uns minutos bastou para pegar nas mochilas, foto da praxe e iniciar a caminhada da "RUTA DE LOS TÚNELES".
Logo à saída uma placa bem visível a proibir caminhar na linha, devido a pontes em mau estado.
No entanto, é evidente que quem veio de tão longe para este local não se vai assustar com este aviso.
Volvidos cerca de 420 metros entramos no túnel de la Carretera, o mais comprido de todos, com cerca de 1,6km em linha recta, com a luz lá bem no fundo.
Com ajuda das lanternas e a olhar para o chão para ver onde colocava-mos os pés, para evitar um entorse ou uma queda, lá seguimos caminho.
Começamos da melhor maneira...
Começamos da melhor maneira...
A saída do túnel alguma vegetação, mas com um carreiro criado pelos aventureiros...
A seguir caminhamos com um vale do lado esquerdo da linha, onde se pode circular fora da linha e longe das pedras.
Incrível foi a passagem pelo 3º túnel, o dos Morgados, com 423 metros de comprimento, que por ser em curva é completamente escuro.
Aqui encontra-se uma enorme colónia de morcegos.
Por isso este foi sem dúvida o túnel onde permanecemos mais tempo, apesar do cheiro desagradável.
Aqui parecia que caminhávamos na areia tal era a quantidade de excrementos dos referidos animais.
O único local livre de calhaus e traves em madeira.
Aqui encontra-se uma enorme colónia de morcegos.
Por isso este foi sem dúvida o túnel onde permanecemos mais tempo, apesar do cheiro desagradável.
Aqui parecia que caminhávamos na areia tal era a quantidade de excrementos dos referidos animais.
O único local livre de calhaus e traves em madeira.
Bem tentamos fotos melhores, mas a falta de luz e maquinas fracas não ajudou nada...
Com a Puente Morgado a paisagem mudou, seguindo a linha do lado direito do Rio Águeda, um afluente do Rio Douro.
Nas pontes a melhor opção é seguir concentrado, pela estrutura em ferro, porque a largura não dá muita margem para erros e seguir pelas traves em madeira não parece uma opção sensata, uma vez que se encontram em fraco estado de conservação.
No quarto túnel de Pullo Rubio de 84 metros de comprimento, saímos directamente para a terceira ponte, com o mesmo nome, de 112 metros.
84 metros de comprimento
digam lá se a paisagem não é deslumbrante...parece saído de um filme ...
neste local a presença humana incomodou o grifo de voltar para ao ninho....
Como ainda estava a recuperar de um entorse, decidimos fazer o caminho da forma mais fácil, ou seja a descer.
Mas no sentido ascendente a perspectiva parecia ser melhor, como esta do 4º túnel e do rio Águeda.
Aqui ainda estava fresquinho, que dava para a palhaçada...
No sexto túnel del Pollo Valiente, com 357 metros de comprimento,
Aqui aproveitamos para fazer uma pausa para almoço.
Retomado o caminho logo directo para a ponte del Pollo Valiente
Ponte em curva e com 136 metros de comprimento,
com as traves queimadas...
24 metros de altura, com muitas toneladas de ferro a precisar de restauro
Continuamos pela velha linha, onde passaram comboios até o ano 1985.
Passando por sucessiveis túneis, num total de 20 e 13 pontes, em 17kms.
Com o avançar dos quilómetros neste terreno incerto, as dores no tornozelo apareceram de forma insuportável, que cada toque com o pé nas pedras era um martírio.
Por isso, de tempos a tempos lá tínhamos de fazer uma pausa...
Voltando a esta formidável obra de engenharia, seguiram se os túneis, as pontes, mas com as dores já quase não levantava o pescoço para ver bem onde colocava o pé.
Voltando a esta formidável obra de engenharia, seguiram se os túneis, as pontes, mas com as dores já quase não levantava o pescoço para ver bem onde colocava o pé.
Ponte Arroyo del Lugar
169 metros (ano 1887)
Ponte Arroyo de las Almas
95 metros e vigas em cruz (ano 1887)
Finalmente o Rio Douro e a Ponte internacional, com os seus 185 metros de comprimento e placas de ferro.
A seguir a estação de Barca d´Alva, começando pela plataforma de inversão de marcha e posto de manutenção de Locomotivas.
Uns metros mais à frente a estação, que para não variar encontra-se escondida pela vegetação e ao abandono.
Já em território português, é possível continuar ao longo do Rio Douro até a estação do Pocinho, que actualmente representa o fim da circulação ferroviária da Linha do Douro, mas para nós terminou o passeio e da melhor maneira, numa esplanada junto do rio.
Enquanto ficamos a conversar sobre o percurso com o grupo da Maia, os motoristas foram buscar os carros à estação de Fregeneda, graças a estes amigos que tinham logística programada para isso e gentilmente nos ofereceram boleia.
Para quem gosta de caminhadas, de aventuras, de paisagens espetuaculares, de contacto com a natureza, e não tem vertigens ou medo de morcegos, não percam esta rota antes que a degradação das pontes tornem impossível a travessia.
Inesquecível!
1 comentário:
Parabéns.Passeios muito interessantes.Este passeio pode ser feito de bicicleta?
Carlos Amado
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